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29 de setembro de 2011

Ritual Menor do Pentagrama


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O Ritual menor do pentagrama foi criado pela saudosista ordem chamada "Golden Dawn", uma ordem de estilo Maçônica/Rosacruciana com graus e iniciações. Esta Ordem foi devotada ao estudo da magia cerimonial ocidental e ao estudo do oculto, passando por estudos de qabalah, de Tarot, Tattwas (símbolos que representam os cinco elementos), viagem nos planos, entre outros. Apesar de não ter tido uma vida muito longa, esta ordem foi a base para a maioria das ordens magicas conhecidas hoje, e teve entre seus membros os maiores expoentes da magia da época, S.L. MacGregor Mathers, Aleister Crowley, Austim Osman Spare, Israel Regardie, Dion Fortune, W.B. Yeats, entre outros tantos. Estes mesmos magistas acabaram por fundar suas próprias ordens, ou adaptar as ordens que viriam a fazer partes, e muitas estão por aí até hoje.

Este ritual era o primeiro a ser ensinado a seus membros, ainda neófitos. Isto porque ele o introduzia a invocação, e servia como meditação, centralização e proteção. Este ritual é utilizado por várias ordens hoje em dia, e possui grande número de variações.

Aqui pretendo dar a versão como era utilizada pela "Golden Dawn", porém vou tentar também dar algumas dicas de como fazer uma variação mais Wicca. O ritual é feito em três partes, a cruz cabalística, a formação dos pentagramas e invocação dos arcanjos, fechando então novamente com a cruz cabalística

Cruz Cabalística

Toque na testa e diga: "Ateh" (Eu sou Eu)

Toque no peito e diga: "Malkuth",(O Reino)

Toque no ombro direito e diga: "Ve Geburah", (O Poder)

Toque o ombro esquerdo e diga: "Ve Gedulah", (A Glória)

Junte as mãos em forma de palma em frente do coração e diga "Le-olam, Amen", (Para sempre, Amém.)

Existe uma outra versão que talvez seja mais interessante para estudantes de wicca, que eu particularmente nunca pratiquei, por isso não posso dar uma opinião pessoal. Caso alguém venha praticar esta outra variação e consiga bons resultados, eu gostaria de um retorno. É muito parecida, as diferenças ficam por conta dos nomes, não mais em hebraico e um passo a mais.

Cruz Purificadora

1. "Eu sou Eu", imaginando uma luz branca brilhante sobre a cabeça

2.Levante um braço acima da cabeça, apontando para cima e diga "Em harmonia com o paraíso...", e imagine a luz descendo, permeando, purificando e limpando você.

3.Desça o braço apontando para baixo e diga "...a terra..."

4.Toque o ombro direito e diga "...o Sol...", imagine uma luz brilhante no ombro direito, enquanto mantém a coluna de luz.

5.Toque no ombro esquerdo e diga "...e a Lua...", imaginando a luz indo de um ombro ao outro.

6.Junte as palmas em frente do coração e diga " ...para todo o sempre. Que assim seja!". Imagine uma luz irradiando vindo do coração.

Agora entra a parte principal do ritual. Virando-se para o oeste e usando uma adaga, ou caso não tenha apenas o dedo indicador. Siga os seguintes passos:
Invocando
1. Faça o pentagrama da terra invocando, imagine que são feitos de chamas. Aponte para o centro do pentagrama e diga o nome divino - YOD HE VAU HE - imagine que sua voz é carregada para o oeste.

2. Vire-se e apontando para o Sul, faça o pentagrama novamente e diga da mesma forma que o anterior, agora imaginando a voz ir para o sul - ADONAI.

3. Repetindo a seqüência, agora virado para o leste diga - EHEIEH.

4. E agora virado para o norte - AGLA.

5. Retorne para o leste, agora cercado dos quatro pentagramas, apontando para o centro do primeiro.

6. Abra os braços em forma de cruz e diga, imaginando os arcanjos como figuras imensas:
          A minha frente Raphael
          Atrás de mim Gabriel
          A minha direita Michael
          A minha esquerda Auriel
          Diga então - "A minha volta flamejam os pentagramas e acima de mim a estrela de seis raios"

7. Repita a cruz cabalística

Existe uma versão que invoca os reis elementais, não há certeza da eficácia, mais se alguém se interessar em utilizar para ver no que vai dar, então seriam as seguintes diferenças no passo 6.

6. Abra os braços em forma de cruz e diga, imaginando os reis elementais
           A minha frente "Paralda" (Ar)
           Atrás de mim "Necksa" (Água)
           A minha direita "Djin" (Fogo)
           A minha esquerda "Ghob" (Terra)
           Diga então - " A minha volta flamejam os pentagramas e acima de mim a estrela de seis raios"

Este ritual serve para varias funções, dentre elas estão:

§  Iniciar e fechar rituais mais longos, ele serve para criar uma proteção.
§  Como uma espécie de oração, invocando no inicio do dia, e banindo a noite.
§  Como proteção contra magnetismo ruim, ou obsessão.Use o ritual banindo e para obsessão visualize o problema dando para ele um forma, depois expulse-o do campo dos pentagramas.
§  Como meditação. Visualize todo o ritual mentalmente, imagine-se vestindo trajes rituais e usando a adaga, faça todos os movimentos mentalmente.


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23 Livros Essenciais sobre Magia


Imagine uma universidade de magia. Não um curso de uma ou duas semanas, nem uma ordem iniciática com segredos ocultos, mas um estudo profundo de introdução, guia, iniciação e aprofundamento para os interessados em todo e qualquer aspectos importantes da antiga arte. Esta universidade faria os fãs de Harry Potter ficarem com inveja, infelizmente tal instituição não existe. Mas se você estava procurando um caminho para as artes arcanas, não poderia ter tido um sorte maior. Nesta série de artigos, caso você seja diligente, encontrará todas as indicações que precisa para o estudo sem igual da prática mágica.

Conta a tradição que para salvar o conhecimento oculto do colapso de sua civilização os magos do Antigo Egito guardaram toda sua sabedoria nas cartas do Tarot. Seu império terminou mas seu ensinamentos continuaram e se desenvolveram numa vasta gama de práticas e teorias chamada hoje, pelos adeptos, de Magia.

Agora, imagine que você se encontra na mesma situação que os sacerdotes egípcios: você recebeu a notícia de que a civilização como a conhecemos será extinta e tem a tarefa de salvar todo o conhecimento mágico que foi acumulado até hoje. Mas para isso você terá que escolher apenas 10 livros. Esse é o desafio que foi proposto pela iniciativa Morte Súbita Inc. a 150 ocultistas brasileiros e estrangeiros, todos eles magistas praticantes de notório saber. Cada um poderia recomendar apenas uma lista com 10 livros que considerassem essenciais. Além disso foram reconstruídas as listas de recomendação de grandes ocultistas históricos como Papus, Eliphas Levi, Aleister Crowley afim de identificar em suas obras e cartas quais livros eles sugeriam aos seus iniciados. 

Como foi criada a lista

Os livros foram então colocados em uma lista e organizados em ordem de mais recomendados. Assim conseguimos uma lista preciosa de aproximadamente 120 livros, já que vários apareceram em mais de uma lista. Destes apenas os 23 mais votados foram selecionados, conforme os filtros que relataremos a seguir. É importante notar que nenhum dos entrevistados teve qualquer tipo de contato uns com os outros.

A navalha foi dolorosa, muitos livros extremamente bons ficaram de fora, de modo que o estudante acima da média deve lembrar que esta lista é apenas o início de sua jornada e não o fim do conhecimento. Para tornar esta uma lista definitiva, ela foi submetida a um processo quase alquímico de purificação. 

Em primeiro lugar, foram retiradas da lista todas as obras de cunho estritamente religioso. Sabemos que, historicamente, religião e magia são inseparáveis e que, em sua maioria, os livros sagrados trazem embutidas as principais chaves mágicas. Entretanto nosso objetivo é conseguir obras práticas, que tratem de magia de forma direta ao invés de reunir sabedoria desta ou daquela tradição. Assim ficaram de fora o I-Ching, Aforismos de Patañjali, O Livro Tibetano dos Mortos, os Vedas, os Upanishad, o  Tao Te King, O Torah, os Evangelhos, o Principia Discordia e o Liber al vel legis, apenas para citar alguns, embora todos eles tenham tido uma votação expressiva. Quando uma excessão é feita a essa regra, ela é claramente justificada na resenha.

A segunda navalha eliminou, da mesma forma, obras da literatura mundial que não fossem explicitamente sobre magia prática. Ou seja, embora possamos encontrar as principais chaves da magia em 'O Coelho de Pelúcia' de Margery Williams, significados cabalísticos em Alice no País das Maravilhas, os princípios do caos na trilogia Illuminatus, o paganismo xamânico nas obras de Castañeda e assuntos esotéricos no romance Zanoni, estes foram eliminados por serem muito simbólicos ou muito barrocos para nossos propósitos práticos. Ficaram de fora portanto livros importantes como O Asno de Ouro, Drácula, As Mil e uma Noites, entre outros.

O terceiro refinamento foi a retirada de obras que não lidam diretamente com magia, mas que abordam temas que todo ocultista deveria dominar. Muitos entrevistados foram enfáticos em afirmar que o magista deve ser um profundo conhecedor de filosofia, mitologia, psicologia, simbologia, história, química, física e biologia. Ficaram de fora assim manuais técnicos destas áreas assim como obras primas de Carl Gustav Jung, Joseph Campbell, Maquiavel, Sun Tzu e outros autores.

Por fim a lista passou por um processo de condensação. Isso quer dizer que se um livro pode ser encontrado em outro livro maior o voto de ambos é acumulado no segundo. Por exemplo, os votos para Anathema of Zos e The Book of Pleasure foram acumulados com os votos para uma coletânea bastante completa das obras de Austin Osman Spare. Isso foi feito para que o resultado final fosse sólido e consistente e para que essa reduzida lista de livros fosse o mais rica possível.

É claro que nenhuma dessas restrições foi feita aos participantes consultados, vários livros destes surgiram em mais de uma lista, não queríamos que ninguém fosse limitado ou manipulado por regras na hora de formar a própria lista. Entretanto esses cortes foram necessários para o bem de uma lista precisa e específica sobre a prática mágica.  Em um mundo onde a alienação é causada pelo excesso de informação um filtro desses é valiosíssimo para separarmos as bobagens dos estudos sérios e assim extrairmos ouro do chumbo.

Como usar esta lista

Os responsáveis pela construção da lista de 23 livros essenciais de magia foram, por mais de uma vez, tentados a  propor uma ordem didática para os interessados em estudarem estas obras, ou ao menos um guia para que cada um siga, se decidir começar a investir na compra destes livros. Este trabalho, por mais bem intencionado que fosse acabaria se tornando em si só uma obra provavelmente maior do que todas estas combinadas e terminaria por não ajudar em nada, mas ao contrário, apenas causaria mais confusão na mente do buscador.

Por isso acontece?

Nosso objetivo ao criar esta lista foi o de agrupar as obras essenciais da magia, e não desenvolver um curso, propriamente dito. Com os livros desta lista você com certeza encontrará todo o conhecimento e toda a prática necessária para se tornar um mago ou ocultista de respeito e muito poder, mas isso não significa que as obras se complementem ou ofereçam um grau de desenvolvimento que possa ser suprido pela leitura e estudo de outra.

Os 23 livros desta lista lidam com Thelema, Magia do Caos, Cabala, Hermeticismo, etc. Uma hora falamos de Satanismo e em seguida falamos de magia judaico-cristã. Algumas obras trazem em si um guia de estudos próprio com começo, meio e fim, enquanto outras servem de catalizador para o melhor aproveitamento das experimentações práticas. Alguns são grimórios antigos consagrados pela tradição, outros são anotações pessoais mal organizadas mas de profunda importância histórica.

Outro motivo de nos recursarmos a oferecer uma ordem de leitura é que a Magia, assim como a Ciência e a Arte, tende a ficar mais poderosa na proporção do conhecimento de quem a pratica. Um físico só tem a ganhar ao se estudar matemática e química, mas não é necessário que estude matemática antes da química ou que a química venha em primeiro lugar.

Desta forma cada estudante acaba seguindo os caminhos com os quais tem maior empatia, num primeiro momento, e depois é que se enveredam por aqueles que despertam sua curiosidade. O leitor que deseje ultrapassar a simples curiosidade também irá notar que algumas obras trazem em si um sistema de estudo completo que deve ser praticado por pelo menos um ano. Outros livros trazem uma arte que leva uma ou duas décadas para ser aperfeiçoada e praticada com maestria. Assim o estudo de cada obra vai depender do compromisso do estudante com o material. 

A ordem em que as obras serão expostas aqui é a ordem em que foram votadas pelos participantes da pesquisa. Em contagem regressiva iremos expor as que receberam menos votos e rumar à mais votada. Agora tenha em mente que isso diz respeito à importância que nossos magos deram aos livros, não à ordem que devem ser lidos. Uma obra que recebeu 125 votos não é mais importante ou mais poderosa do que uma que recebeu apenas 76 e por isso deva ser estudada em primeiro lugar, uma melhor posição na lista simplesmente mostra que mais magos que estudaram este livro acreditam que ele é tão importante quanto ao outros 9 que escolheram para a sua lista final, que foi feita sem apresentar qualquer ordem de importância. 

Assim o que recomendamos é: compre todos os livros assim que puder, mas saiba que alguns deles estão atualmente esgotados na livrarias e precisam ser negociados de segundas mãos, outros só existem em sua língua original, mas sempre que possível indicamos aqui a versão lançada no Brasil. Leia o resumo que oferecemos de todas as obras vendo qual caminho te agrada mais e comece por ele a se desenvolver. Use também esta lista para completar sua biblioteca. Caso você já seja um estudante sério é bem provável que já tenha algumas dessas obras mas não todas. Como vivemos em uma realidade onde dinheiro não nasce em árvores a melhor dica é ler as resenhas que disponilibilizaremos a seguir e ir procurando as obras com que você se sinta mais à vontade ou aquelas que despertem mais a sua curiosidade.

Muitas delas estão disponíveis na internet em formato digital, algumas delas aqui mesmo no portal público Morte Súbita Inc. Sempre que este for o caso junto da resenha teremos um link para o livro digitalizado. A leitura digital é ótima para que você se familiarize com o texto, mas nada é mais valioso do que um livro impresso que você possa carregar com você para rituais ou momentos de estudo, que geralmente ocorrem em locais sem eletricidade ou que pedem uma concentração dificilmente conseguida na frente de um computador ligado.  Além disso, nunca se sabe quando pode explodir uma nova onda de censuras e inquisição ou quando a atual  civilização vai entrar em colapso e a única fonte de acesso a este material for o bom e velho papel. Isso já aconteceu antes. Mais de uma vez.

Essa preciosidade de conhecimento você confere aqui nessa listagem dos 23 livros essenciais para qualquer pessoa que deseja entender e praticar seriamente a Grande Arte. Esta portanto não é uma lista qualquer, mas um guia certeiro e hierarquizado do que você, caso tenha algum interesse real em mergulhar na forma mais pura de magia, precisa ler.


23 Livros Essenciais sobre Magia



1º lugar - 125 votos - As Clavículas de Salomão, Salomão (?!) / Samuel "MacGregor" Mathers

2º lugar - 123 votos - Filosofia Oculta, Henrique Cornelius Agrippa

3º lugar - 120 votos - Liber Aba, Aleister Crowley, Mary Destie e Leila Waddell

4º lugar - 119 votos - Liber Null & Psychonaut, Peter J. Carroll

5º lugar - 117 votos - O Caminho do Adepto, Franz Bardon

6º lugar - 110 votos - Ethos, the Magical Writings of Austin Osman Spare, Austin Osman Spare 

7º lugar - 108 votos  - Dogma e Ritual da Alta Magia, Eliphas Levi

8º lugar - 105 votos  - A Doutrina Secreta, Helena Petrovna Blavatsky

 9º lugar - 104 votos - A Biblia Satânica, Anton Szandor LaVey

10º lugar - 102 votos – Sistemagia, Adriano Camargo Monteiro

11º lugar - 101 votos - A Magia Sagrada de Abramelim, O Mago

12º lugar - 98 votos - Magick Without Tears, Alesteir Crowley

13º lugar - 97 votos - A Árvore da Vida, Israel Regardie

14º lugar - 94 votos - Renascer da Magia - As Bases Metafísicas da Magia Sexual, Kenneth Grant

15º lugar - 89 votos - A Cabala Mística, Dion Fortune

16º lugar - 87 votos - O Livro de Thoth, Aleister Crowley

17º lugar - 86 votos - A Prática da Evocação Mágica, Franz Bardon

18º lugar - 85 votos - Liber Kaos - Peter J. Carroll

19º lugar - 84 votos - Autodefesa Psíquica, Dion Fortune

20º lugar - 80 votos - A Golden Dawn, Israel Regardie

21º lugar - 79 votos - A Chave da Verdadeira Cabala, Franz Bardon

22º lugar - 77 votos - Modern Magick, Donald Michael Kraig

23º lugar - 76 votos - Tratado Elementar de Magia Prática, Papus



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1º lugar - 125 votos - As Clavículas de Salomão, Salomão (?!) / Samuel "MacGregor" Mathers - 23 Livros Essenciais sobre Magia



Rei Salomão (?), século XVII (?!)

É impossível se falar de Magia e se deixar de lado aqueles que habitam o mundo invisível. Isso é o mesmo que falar de "sociedade" sem citar policiais, bombeiros, construtores, gangsters, prefeitos, prostitutas e profissionais liberais.

Demônios, Deuses, Seres de outras dimensões, Formas Pensamento, Cascões Astrais, Elementais ou simplesmente Espíritos. Sejam o que forem, historicamente estes seres invisíveis tem sido convocados para ajudar os seres humanos em seus propósitos terrenos. O lendário rei Salomão teria realizado toda sorte de prodígios, incluindo a construção seu grande templo, com o apoio destes seres. Existem muitos textos antigos que se propõem a revelar os métodos de Salomão, a maioria deles severos ao ponto da impossibilidade ou pueris ao ponto da irrelevância. Durante a idade média, e nos séculos que a seguiram, muito foram os livros atribuídos a Salomão que afirmavam trazer em suas páginas seus segredos milenares, mas nenhum deles tão notável quanto as Chaves Menores de Salomão.

Deve-se ter em mente, entretanto, que não se pode dar muito crédito a qualquer suposta autoria de livros de magia deste período histórico, visto que, buscando despistar a Santa Inquisição, muitos autores se protegiam com o uso de pseudônimos. Desta forma muitos livros são atribuídos inclusive usando nomes bíblicos como os de Moisés, Abrahão e Salomão. Além disso o sistema goético encontrado neste livro só ganhou força dentro do ocultismo depois da publicação da tradução de Samuel  "MacGregor" Mathers, para o inglês.  Mathers foi um dos fundadores da famosa 'Hermetic Order of the Golden Daw', e seu trabalho de tradução foi tão criativo e insirado que algumas pessoas dizem que ele pode ser considerado sem medo uma espécie de co-autor da obra.

O livro é tão importante que foi citado por quase todos os ocultistas entrevistados nesta nossa pesquisa. Nele encontramos não apenas toda a cosmovisão que dominou o meio ocultista da antiguidade clássica até a renascença, mas um guia prático, passo a passo para se realizar todos os rituais descritos nele. A preparação pessoal, a construção de um templo, os instrumentos cerimoniais, os meios de invocação e as entidades apropriadas para cada trabalho. Embora coberta com uma pintura abrâhamica, comum a literatura da época, as The Lesser Key of Salomon trazem uma sabedoria muitíssimo mais antiga do que o judaísmo estabelecido. Trata-se uma chave que nas mãos hábeis poderá abrir ao iniciado todo o manancial de sabedoria caldeia e babilônica. As raízes mais antigas do ocultismos (e portanto as mais atuais) então lá esperando serem destrancadas por cada praticante sem nenhum intermediário.

Por muitos séculos a partir de início do século XIV, as Clavículas de Salomão existiram em uma infinidade de formatos, com organização e partes do textos diferentes de cópia para cópia. Apenas muito recentemente os ocultistas chegaram em um consenso podendo-se então de falar de uma edição definitiva deste grande grimório. Hoje os textos mais antigos ainda podem ser consultados na 'British Library Manuscript collection' de Londres e incluem muitas versões diferentes da mesma obra. Pelo estudo da estrutura do texto e do estilo literário podemos concluir que o Legedon completo é composto das seguintes partes:

Ars Goetia

O primeiro e mais famoso dentre os livros que compõem The Lesser Key of Salomon. Trata-se de um guia claro de como evocar entidades antiquíssimas. Estes 72 seres são deuses de povos que o mundo já esqueceu e que são hoje considerados demoníacos pelas religiões monoteístas. Há uma correspondência histórica e literária entre Goetia e um livro chamado Pseudomonarchia daemonum, de 1563 escrito por Johann Wierus. Neste entretanto não estão presentes os selos, e os demônios são invocados por simples conjurações. Goetia por outro lado apresenta uma ritualistica muito mais elaborada e eficiênte.

Theurgia Goetia

Este livro é uma obra irmã da Steganographia de Trithemius. Embora faltem muitos dos selos de Trithemius, todos os que constam lá batem exatamente com os da Theurgia Goetia. Contém os nomes, características e selos dos 31 espíritos aéreos, (chefes, imperadores, reis e príncipes) que podem ser invocados pelo magista para uma infinidade de fins. Embora seja historicamente irmão da Ars Goetia é um livro menor sendo usualmente ofuscado pelo interesse maior que o primeiro atrai.

Ars Paulina

O Ars Paulina (A Arte de Paulo) é considerada a terceira parte das chaves de Salomão, e legendariamente atribuída ao apóstolo Paulo de Tarso. Seguramente esta relativamente pequena obra contém tudo o que um magista precisa saber sobre a influência dos astros e a arte da magia cerimonial. Este tratado ensina como lidar com as influências celestes das horas do dia e da noite, fala sobre os selos angelicais e a relação destas entidades com os sete planetas astrológicos.

Ars Almadel

A quarta parte das clavículas de Salomão ensina como fabricar o Almadel, que é uma tábua de cera com símbolos protetores. Nela são colocadas quatro velas para propósitos mágicos específicos. Os detalhes de cor, material e rituais necessários para o uso do Almadel são encontrados nesta obra. Além disso aqui há uma parte destinada a invocação angelical e é destacada a importância de uma soberania moral dentro da prática mágica.

Ars Notoria

Talvez o livro mais misterioso dos que formam a Clavícula de Salomão. Trata-se de um grimório sobre o uso mágico das orações. Contém uma coleção de orações de propósito mágico, repletas de referências cabalísticas e diversas linguagens ( hebraico, grego, etc...), ensina como elas devem ser ditas e como se relacionam com os aspectos astrológicos. Nesta perspectiva uma oração nada mais é do que um ato de invocação aos anjos de Deus. De acordo com a tradição deste livro, pronunciar corretamente as orações pode despertar conhecimentos ocultos para o praticante, assim como garantir boa memória, saúde mental e eloqüência. O Mistério entretanto está no fato de que estudiosos afirmam que este livro era inteiro composto apenas de gravuras, que cada gravura era tão completa e perfeita que apenas os desenhos deixavam claro para o iniciado todo o significado do conteúdo, com o tempo se perderam as ilustrações que foram substituídas pelo texto explicativo correspondente.

Em todos os livros encontramos traços fortes de um monoteísmo servil,que transforma o servo humilde em uma fortaleza de poder. O conceito é se fazer pequeno perante o criador do universo e ao mesmo tempo engrandecê-lo ao máximo. Seguindo as regras herméticas da busca pelo equilíbrio isso cria uma instabilidade e o poder de Deus jorra violentamente em transferência ao operador, que passa a tornar-se todo poderoso. Essa é a postura tradicional das Chaves Menores de Salomão por meio da qual estes livros foram escritos.

Alguns magistas ficam incomodados com essa postura e experimentam métodos diferentes no sistema tentando sobrepor o temor a Deus por uma valentia pessoal ou mesmo uma abordagem menos agressiva com as entidades. Seja como for estas experimentações tem enriquecido em abundância o sistema das Clavículas de Salomão nos últimos séculos.

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2º lugar - 123 votos - Filosofia Oculta, Henrique Cornelius Agrippa - 23 Livros Essenciais da Magia


Henrique Cornélio Agrippa, 1533

Henry Cornelius Agrippa Von Nettesheim foi, sem dúvida alguma, o ocultista mais importante da sua época. Ele é considerado o fundador da filosofia oculta e conquistou o título de "príncipe dos magos", que o acompanha até hoje. podemos dizer que ele foi o grande rebelde da Renascença.

Agrippa nasceu em 1486 e aos vinte anos de idade já era fluente em 8 línguas, inclusive o hebraico. Ele foi médico, jurista, filósofo, cabalista e estudante de alquimia. Como erudito se correspondeu com os grandes humanista de sua época como Melâncton, Erasmo, Cardeal Lourenço Campegi e Tritemo, que se tornou seu grande amigo e mestre e foi quem o influenciou a escrever sobre seus conhecimentos sobre o ocultismo.

A presente obra começou a ser escrita em 1510 e assim que foi terminada Agrippa a enviou a Tritemo que, após examiná-la, aconselhou: "Tenho apenas mais uma advertência a fazer-vos, nunca esqueceis: ao vulgo falai somente coisas vulgares, reservai para vossos amigos todos os segredos de categoria superior, dai feno aos bois e açúcar ao papagaio. Compreendei o que quero dizer, 'para que não sejais espezinhado pelos bois', o que freqüentemente acontece."

E de fato somente após muito trabalho, inclusive intervenções da Inquisição, ele conseguiu imprimi-lo em 1533.

Os três livros de Filosofia Oculta de Henrique Cornélio Agrippa de Nettesheim é o testemunho histórico definitivo de todo conhecimento oculto da antiguidade clássica até o período medieval. Seus três livros de filosofia oculta podem ser considerados a grande bíblia da magia clássica, e, sendo assim, traz conhecimentos profundos que vieram desde as tradições egípcias até a renascença. Sua obra registra muitos aspectos da cultura mágica: práticas pagãs, crenças cristãs, Cabala hebraica, astrologia babilônica, feitiçaria camponesa tradicional, enfim, toda a ciência oficial da antiguidade.

Agrippa declarava que para ocupar-se da Magia, era necessário conhecer perfeitamente a física, a matemática e a teologia, para ele, a magia é uma faculdade poderosa, plena de mistério e que encerra um conhecimento profundo das coisas mais secretas da natureza, substâncias e efeitos, também suas relações e antagonismos. A física é terrestre, através dela conhecemos a natureza das coisas, a matemática é celeste, através dela aprendemos as dimensões e tamanho e podemos calcular o movimento dos corpos celestes; a teologia reporta-se ao mundo dos arquétipos, por ela atingimos o conhecimento de Deus, anjos, demônios, alma, inteligência e pensamento.

Absolutamente, sobre qualquer assunto de interesse do adepto, em Agrippa encontramos no mínimo um bom lugar para começar. Tudo está lá: elementos pré-cristãos como anjos e demônios de origem persa, filosofia greco-romana, sabedoria pitagórica e práticas medicinais semelhantes a dos caldeus. Herbologia, geomancia, angeologia, demonologia, enfim, uma enciclopédia de todo o corpo oficial de conhecimentos e tecnologias dos séculos passados. Muitas das notas que compõem os livros de Agripa já pertenceram ao currículo aprendido nas grandes universidades da Europa.

Esta obra exemplar, como o próprio nome sugere é uma trilogia enciclopédica sobre tudo o que interessava ao magista desta época. No primeiro volume, sobre a Magia Natural, desenvolve a teoria dos três mundos: o elementar, o intelectual e o celeste; cada um sendo governado pelo seu superior e recebendo as suas influências. Analisa as virtudes ocultas das coisas, o modo como elas provêm das idéias, da alma, do cosmos e dos influxos planetários; quais as atrações e que repulsas suscitam nas espécies animais, vegetais e minerais. No 2º volume sobre os números, pesos e medidas, os segredos da harmonia universal, signos. No 3º volume ele trata o efeito dos nomes divinos, da hierarquia angélica, dos espíritos planetários, das nove classes de espíritos maus, dos ritos, conjurações, pantáculos sagrados, dos hieróglifos cabalísticos; tudo isso no intuito de instruir o mago; dizia: "Embora o homem não seja um ser imortal como o é o Universo, ele não deixa de ser dotado de razão e com sua inteligência, sua imaginação e a sua alma, é capaz de influenciar e transformar o mundo inteiro".

Mais do que um sincretismo, Agrippa teve o talento de desfrutar e apresentar ao seu leitor simultanemente conhecimentos místicos de muitos povos da eras passadas, numa crença subentendida de que em todas elas existe porções da Verdade e da realidade íntima do ser humano e do universo. Tudo isso feito de maneira muito eloqüente para driblar os aguçados olhos da Inquisição católica de sua época. Esta Enciclopédia de Feitiçaria presenteia seu estudante com numerosas prática muito antigas, mas sempre apresentadas de maneira elegante e acompanhada de suas fontes originais e tradicionais, que em geral são os grandes sábios, filósofos e magos da antiguidade, como Hermes Trimegistro, Alberto Magno,  Al Ghazali, Apolônio de Tiana, Reuchlin e Pico della Mirandola, entre muitos outros. Agrippa faz questão de apontar para cada um deles sempre que seus ensinamentos são mencionados, fazendo desta forma do livro um verdadeiro portal que poderá conduzir seu leitor para muitas obras leituras interessantes. Podemos afirmar que a obra de Agrippa foi o mais próximo que existiu de uma internet devotada ao ocultismo antes da invenção dos computadores, ou da descoberta da eletricidade.

E o estudante moderno ainda ganha um bônus com as novas edições desta obra. Donald Tyson, o mais recente tradutor e editor deste livro para língua inglesa - que posteriormente foi traduzido para diversos outros idiomas - fez um trabalho brilhante de pesquisa e conseguiu fazer do manuscrito de Agrippa um trabalho ainda mais valioso, completando as referências para as quais Agrippa não tinha acesso nem recurso em seu tempo, inclusive fazendo algumas correções importantes e recheando de apêndices, ilustrações pertinentes e notas de rodapé, fazendo da já exaustiva pesquisa original a mais definitiva de todas as obras sobre o conhecimento oculto da antiguidade.

Se encontramos na obra de Blavatsky o equivalente moderno de uma base universal da doutrina religiosa oculta com Agrippa encontramos o equivalente moderno de uma universidade do ocultismo clássico que cabe em uma prateleira.



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3º lugar - 120 votos - Liber Aba, Aleister Crowley, Mary Destie e Leila Waddell - 23 Livros Essenciais da Magia


Magick, Liber Aba
Aleister Crowley,Mary Destie e Leila Waddell, 1911


Magick, também conhecido como 'Liber Aba' é o trabalho definitivo daquele que se tornou o mago mais importante, ou ao menos mais conhecido, do século XX. Trata-se de um grande tratado sobre o sistema mágico promulgado por Aleister Crowley durante os anos formativos da corrente thelemita. Trata-se na verdade da união de quatro diferentes livros, mas todos fundamentais; incluindo o famoso "Magick em teoria e prática", escritos naquela que, segundo o autor, foi a única verdadeira tentativa  de se criar um tratado geral sobre Magia desde a Idade Média quando foram publicadas as obras de Eliphas Levi.

O primeiro destes quatro livros foi escrito em 1911 e publicado de maneira privada no mesmo ano. Trata-se nada mais nada menos do que o primeiro tratado razoável sobre Yoga escrito no Ocidente. Usando sua pena ágil, Crowley consegue traçar um mapa, passo a passo, capaz de tornar um vulgar em um gênio, um macaco em um campeão ou um homem ordinário em um super-homem, para usar o sentido esotérico do termo. Seu objetivo é criar uma mente focada, disciplinada e poderosa, pronta para executar atos mágicos. Para isso, todas as consagradas prática esotéricas são revisadas, se utilizando um ponto de vista utilitarista, Crowley leva o leitor, ao controle da postura corporal, da respiração, da disciplina mental, da introspecção e por fim da meditação. Cada um desses passos encarados de maneira pragmática, com método e meta bem definidos.

A segunda parte foi escrita em 1923 e traz uma esmerada introdução às Armas Mágicas e para que serve cada uma. Aqui Crowley volta-se para a tradição ocidental da magia cerimonial, após a incursão no oriente com o livro anterior. Ele apresenta todo a aparato da alta magia, do altar à coroa, da espada ao pentáculo. Para cada uma das armas é explicada sua origem, importância, significado, bem como as técnicas para sua construção e consagração.

Na terceira parte do livro Crowley expõe, finalmente, seu sistema de iniciação. São discutidas aqui as principais práticas magickas. Esta parte do liber Aba apresenta um conteúdo bastante rico englobando rituais de banimento, consagração, invocação, divinação, etc.. Também são abordados tópicos variados como magia negra, pacto com demônios, necromancia, clarividência, rituais de sangue, entre muitos outros. O destaque contudo fica com relação a abordagem feita à magia sexual. A fórmula da Thêlema é explicada como em nenhum outro lugar. A operação do Amor sob Vontade é esclarecida de maneira clara e poderosa e o estudante pode enfim compreender que o Mago e sua Shakti, mesmo estando em plano fundamentalmente físico, exaltam sua consciência em níveis superiores onde a potência de suas sexualidades lhes permite transcender seus próprios níveis de existência e estar diretamente em contato com outros planos de existência.

Com a quarta parte temos em mãos o próprio Livro da Lei. Como dissemos no texto apresentando este trabalho, dos 23 livros essenciais, votos no Livro da Lei foram descartados, mas esta obra, para alegria de thelemitas e ocultistas, traz em si este tomo, também conhecido como Liber Al vel Legis. Nele está contida toda base do aeon de Horus. Sendo um livro complexo cheio de significados ele é no Liber Aba acompanhado de comentários esclarecedores do próprio Crowley, trecho a trecho. Para os thelemitas este livro em especial possui caráter sagrado, conta-se que foi recebido nos dias 8, 9 e 10 de Abril de 1904, no Cairo, ditado por uma entidade auto denominada Aiwass, através de um ritual de invocação a Hórus passado, por sua então esposa e médium, Rose Kelly. Entretanto não é preciso ser thelemita no sentido estrito para desfrutar desta obra. Além disso a quarta parte trás uma série de documentos relativos a gênese do Livro da Lei e a história por trás de sua revelação.

Como se tudo este material não fosse o suficiente para fazer deste liber uma obrigação na biblioteca de todo ocultista, as edições completas da obra costumam vir amplamente recheadas da apêndices que enriquecem o estudo dos quatro livros citados acima. Dentre eles destacamos o liber Samekh, os principais rituais publicados na revista Equinox, como o Rubi Estrela, a Safira Estrela e a Missa de Fênix e os principais libri de instruções e exercícios práticos da A.'.A.'.

Em tempo, embora focada na prática e sistemática, está não é uma obra leve de se ler. Não é um trabalho indicado para iniciantes, para isso obras como "The Magick of Thêlema" de Lon Milo Duquette prestam  um serviço mais adequado. Liber Aba é uma obra monumental de conteúdo enciclopédico que levou décadas para ser escrito e quase um século para chegar no seu formato atual. Um livro forte e as vezes assustador por sua imponência que pode levar uma vida inteira (ou mais) para ser assimilada. Um desafio para poucos.




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28 de setembro de 2011

4º lugar - 119 votos - Liber Null & Psychonaut, Peter J. Carroll - 23 Livros Essenciais da Magia


Peter Carroll, 1987

Liber Null and Psychonaut
é um presente e uma maldição para qualquer praticante de magia. É um presente pois une em um único tomo as duas pedras angulares da Magia do Caos. É uma maldição caso nunca se tenha ouvido falar desta prática, a mais nova das abordagens ocultistas, mas aqui a palavra maldição é usada da mesma forma que podemos considerar uma maldição entregar uma ficha de poker para um viciado em jogo.

Muitas pessoas costumam usar um sistema de cores para categorizar as práticas mágicas. Se a alquimia e o hermetismo se enquadram no que muitos chamam de magia branca, enquanto o Satanismo e o Thêlema acabam recebendo, talvez injustamente, a alcunha de magia negra, poderíamos dizer que a Magia do Caos se enquadra na magia resultante do vômito ultravioleta de alguém que passou uma hora girando no mesmo lugar depois de mastigar um arco-íris.

Os interessados em se aventurar na Magia do Caos invariavelmente esbarram em obras mais mastigadas como "Caos Instantâneo" de Phil Hine e " Pop Magic" de Grant Morrison, que são livros muito mais efetivos, elucidativos e práticos. Entretanto eles são apenas o resultado de uma geração que praticamente nasceu e se criou com a obra de Peter Carroll, se não fosse 'Liber  Null and Psychonaut' estes e muitos outros tomos preciosos jamais existiriam. Se por um lado este livro traz uma explanação mais densa do caoismo, por outro é uma abordagem muito mais acessível e completa do que os simbólicos e alegóricos textos de Austin Osman Spare, que estava muito mais preocupado com sua própria psicosfera do que em criar uma escola nova da magia. Se Austin pode ser chamado de "O Louco" que virou a tradição mágica do avesso, Peter Carroll pode ser chamado de "O Chato" que formalizou e esquematizou novas técnicas para se fazer isso de forma didática e clara. Mas se não fossem os loucos e os chatos pouco avanço teríamos feitos ate hoje, seja em que área for. De fato ainda hoje Peter Carroll é dono da maior coleção de livros originais de Spare e o grande responsável por fazer a ligação entre o Zos Kia Cultus e todo o restante da tradição mágica desde o Xamanismo até qualquer prática recente que você possa imaginar.

As duas obras que compõe o livro foram escritas em dois períodos bem distintos do desenvolvimento, tanto do autor quanto da Magia do Caos. O primeiro, Liber Null, foi escrito em 1978, quando Carroll tinha 25 anos; e serve não apenas como um manual prático para o desenvolvimento dos preceitos da Magia do Caos, mas também como inauguração de um era da magia onde dogmas tinham a única utilidade de enfeitar estantes. LaVey já havia arriscado afirmar em sua Bíblia Satânica que a magia, por mais real que de fato seja, não passava de um psicodrama, algo que o próprio praticante criava para atrair para si resultados que ordinariamente não conseguiria. Liber Null vai muito além, mostrando que a Magia é real, e independe daquilo que praticante acredita, vai trazer resultados, o magista pode, quando muito, desenvolver métodos para lidar com essa energia para tirar algum proveito próprio. Se ele acredita que a magia é psicodrama ela vai se comportar como tal. Se acredita que ela é real, ela vai se comportar como tal. O livro também serviu de carta magna da fundação da Illuminates of Thanateros e traz em si muitos dos conceitos que foram explorados pelo grupo nas décadas de 1970 e 1980. A IOT mereceria um capítulo à parte; fundada em 1978 por Carroll e seu amigo Ray Sherwin (autor do igualmente notável The Book of Results), publicou durante muito tempo uma revista sobre magia chamada 'New Equinox' em homenagem à antiga 'Equinox' organizada por Aleister Crowley. Nesta publicação foi anunciada a criação de um novo tipo de prática mágica, baseada mais em resultados do que em metafísica, incorporando elementos de Thêlema, Zos Kia Cultus, Xamanismo e Tantra.

Em poucas palavras, Liber Null traz para o esoterismo a multi-dimensionalidade da abordagem do pós-modernismo. Carroll posiciona o Macrocosmo e o Microcosmo como duas expressões do Caos. Tudo o que é tido como "real" é apenas uma porção de tudo aquilo que faz parte do Caos. Há um vasto reino de possibilidades etéreas (ou virtuais se preferir) que podem ser exploradas pelo magista se ele parar de se preocupar em justificar seu túnel de realidade para si mesmo e para os outros. Magia é, para Carroll, a arte e ciência de se jogar com as regras do Caos, onde nenhum paradigma é estritamente verdadeiro ou falso. Mais ainda, ele chega a afirmar que: "Tudo funciona por mágica; a ciência representa um pequeno domínio da magia onde coincidências possuem uma probabilidade relativamente grande de ocorrer". O mago então é alguém que consegue experimentar esse Caos com a maior liberdade possível, usando e descartando técnicas e dogmas conforme eles são úteis ou divertidos, alguém que seleciona certas crenças que se prestam a seus objetivos e conduzir uma operação qualquer, para então descartá-las não possuírem mais utilidade prática.

Embora a idéia principal seja de que tudo pode ser usado para se acessar a magia, este livro deixa claro que a disciplina é fundamental, assim temos não apenas um material teórico, mas um guia prático de como atingir a excelência mágica, que será útil em qualquer prática posterior, seja caótica, thelêmica, satânica, cristã, judaica, etc... Este primeiro livro é um manual imprescindível para qualquer pessoa que deseja lidar com a magia desassociada de qualquer escola iniciática. Lida com a magia na sua forma mais pura, ou tanto quando se é possível, utilizando o simbolismo do Caos, sempre que um simbolismo se torna necessário. São revisados os grande tópicos do estudo mágico: evocação, invocação, divinação, encantamentos e mesmos aspectos mais intrincados como o contato com o "Eu Superior", chamado no livro de Augoeides. Além de lidar também com a prática de sigilização, desenvolvida por Spare. Tudo isso é visitado de maneira pragmática, focada em resultados, só o primeiro capítulo, entitulado MMM já sintetiza exercícios importantíssimos para os quais seriam necessários anos de estudo e a leitura de centenas de livros para descobrir.

Já o segundo livro foi escrito em 1982, seis anos após o primeiro. O Psychonaut é exatamente o que o título sugere, um manual para o praticante se tornar um viajante dentro de diferentes práticas mágicas. Depois da base criada com Liber Null, Carroll coloca em prática a Magia do Caos dentro das mais variadas crenças e práticas, sejam elas coletivas com rituais grupais até sua relação com a abordagem religiosa da magia. Este tomo foi escrito de maneira a convidar o leitor a experimentar vários ângulos diferentes da aproximação religiosa - tendo-se em mente que a religião aqui é usada no seu sentido de "religare", de reunir o praticante com o Caos Sagrado. Usando o mesmo princípio de que "Nada é verdadeiro, tudo é permitido", o autor consegue fazer o adepto experimentar as realidades do Xamanismo, Paganismo, Monoteísmo, Ceticismo, Gnosticismo, entre outras, sem se prender em nenhuma delas.

Em 1987 ambos os livros foram unidos em um único volume, já que de certa forma um seria a evolução natural do outro. O livro lida com muitas idéias novas e não costuma agradar praticantes com uma formação esotérica mais tradicional. A idéia de que a pratica mágica é possível sem ser acompanhada de qualquer crença definitiva é entusiasmante para muitos, mas assustadora para outros. A chave da importância deste livro está em tentar simplificar até a essência mais prática os antigos conceitos da magia. Desta forma, consegue sintetizar práticas úteis que podem ser universalmente usadas para qualquer uma das muitas linhas da tradição oculta.


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